sábado, 1 de setembro de 2012

Equoterapia pode estimular a fala e a atenção de crianças autistas

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Você já ouviu falar em equoterapia? É um tipo de tratamento realizado com pessoas deficientes ou com necessidades especiais que utiliza o cavalo para promover o desenvolvimento físico e psicológico. O método já é antigo, mas uma pesquisa publicada recentemente apontou uma hipótese para explicar os benefícios da equoterapia para crianças autistas.

Um estudo recente realizado em uma clínica de tratamento para crianças com necessidades especiais no Reino Unido, a Special Horses for Special Children, sugere que os movimentos realizados pelo corpo da criança enquanto ela está sobre o cavalo aliviam a tensão na parte do cérebro que afeta a fala e a visão. Com isso, o sangue na região flui melhor e, portanto, a atividade neural da região melhora significativamente. Além da fala, o humor e a atenção da criança também são beneficiados. “Crianças autistas têm muita tensão na base do crânio e nas membranas do cérebro e isso impede o fluxo regular de hormônios, como a ocitocina, responsável pelo bem-estar, e essencial para a sociabilidade”, afirmou a cientista Fiona Dann, uma das responsáveis pela pesquisa.

Segundo Luciane Padovani, terapeuta ocupacional que trabalha há 15 anos com crianças autistas, a equoterapia trabalha não só a parte motora e postural, mas também a afetividade. As sessões duram cerca de 30 minutos e envolvem uma equipe multidisciplinar, que, dependendo das necessidades da criança, pode incluir psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas. “Em cima do cavalo é mais fácil conseguir uma interação, o contato olho a olho com a criança. Trabalhamos bastante o tato também. É uma terapia muito rica”, afirma Luciane.

Para Antônio Carlos de Farias, neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe (PR), a equoterapia é um ótimo coadjuvante no tratamento de crianças autistas. Ele explica que os cinco sentidos são comprometidos nesses pacientes, mas, ao entrar em contato com o cavalo, eles trabalham o toque, o senso de equilíbrio e ainda são levados a interagir com os profissionais e focar a atenção em suas instruções. Mas um alerta: antes de seguir com o tratamento, é preciso avaliar se a criança está se adaptando bem à atividade.

A analista de marketing Cristiane Poklikucha, 37 anos, só tem elogios para a técnica. Seu filho, agora com 8 anos, tem autismo e já faz equoterapia há um ano e meio. Inicialmente, ela ficou na dúvida se seria o tratamento mais adequado, uma vez que ele não tinha muitos problemas motores. “Mas ele gostava de animais, então eu resolvi tentar. Ele já havia feito fono no consultório, sem muito resultado, mas, quando passou a fazer o tratamento em cima do cavalo, a diferença foi grande. Ele presta muito mais atenção nos profissionais quando está montando”, conta a mãe. A melhora foi nítida também em casa. “Ele ficou mais atento, carinhoso e começou a fazer mais contato visual”, conta a mãe.

E as outras crianças?
O benefício que os cavalos trazem para autistas são bem específicos, mas a interação com esse animal pode ser valiosa para qualquer criança. Por vários motivos. Segundo Rebeca Rehder, fisioterapeuta e funcionária da Escola de Equitação do Clube Hípico de Santo Amaro, em São Paulo, o contato da criança com o animal estimula a liberação de endorfina, proporciona a ela estar em um ambiente diferente e é também uma atividade lúdica que desenvolve a coordenação e o equilíbrio.

Fonte: Por Marcela Bourroul - Revista Crescer
 

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